Seja bem-vindo
Braço do Norte,14/03/2025

  • A +
  • A -
Publicidade

Cristiano Alves

O tsunami da mudança


O tsunami da mudança

Desde o ano passado, um sentimento de mudança foi crescendo silenciosamente nas ruas de São Ludgero, Braço do Norte e Orleans. Embora as gestões municipais dessas cidades gozassem de uma aprovação que beirava os 80%, o desejo de renovação e de uma nova direção para o futuro tornou-se palpável. No último domingo, as urnas confirmaram o que muitos já suspeitavam: Ibaneis Lembeck (São Ludgero), Beto Kuerten Marcelino (Braço do Norte) e Jorge Koch (Orleans) não conseguiram fazer seus sucessores. O “tsunami” da mudança passou por essas três cidades, alterando o curso das lideranças políticas.

Essa reviravolta traz à tona uma questão intrigante: como explicar que, apesar de gestões tão bem avaliadas, os eleitores optaram por não continuar no caminho traçado pelos atuais prefeitos? A resposta não é simples, mas pode estar enraizada em fatores sociopolíticos e emocionais que transcendiam a administração eficiente e as aprovações positivas.

Em tempos de mudança acelerada e de transformações constantes na sociedade, a saturação com as mesmas lideranças pode ser um fator crucial. A aprovação de quase 80% das gestões não foi suficiente para garantir a continuidade porque os eleitores estavam prontos para algo diferente. A vontade de experimentar novas abordagens e lideranças pode ter sido motivada por uma sensação de estagnação, mesmo quando a administração pública estava funcionando de maneira eficaz. A renovação, portanto, tornou-se uma questão emocional mais do que racional.

Essa tendência não é incomum. A história política brasileira já nos mostrou que boas gestões nem sempre garantem sucessores. Às vezes, a população quer mais do que eficiência administrativa: quer novidade, quer frescor, quer a possibilidade de sonhar com algo diferente. Foi esse sentimento que inundou as ruas de São Ludgero, Braço do Norte e Orleans. O desejo por mudança é muitas vezes impulsionado por uma necessidade de romper com o passado, mesmo que esse passado tenha sido positivo.

Outro fator que não pode ser ignorado é a força da oposição. Nas três cidades, a oposição foi hábil em capturar esse sentimento de mudança e em apresentar candidatos que personificavam o novo. Eles não precisaram contestar a competência dos atuais gestores, mas apenas oferecer uma alternativa de futuro. 

Adicionalmente, esses candidatos de oposição representavam uma mudança de perfil. Enquanto as gestões de Lembeck, Kuerten Marcelino e Koch eram caracterizadas pela estabilidade e continuidade de projetos de longo prazo, os novos líderes trazem a perspectiva de rupturas, de novos olhares e de inovação. Em São Ludgero, por exemplo, a população viu emergir uma figura que prometia revolucionar áreas negligenciadas, como acessibilidade e inclusão social. Em Braço do Norte, o eleitorado desejava uma gestão mais próxima das demandas contemporâneas, com ênfase na sustentabilidade e na modernização da infraestrutura. Já em Orleans, o desejo de um plano mais ousado para o desenvolvimento econômico foi decisivo para a vitória da oposição.

Também não podemos desconsiderar o papel crucial das redes sociais nesse processo de transformação. A capacidade de mobilizar jovens e novos eleitores através dessas plataformas foi uma vantagem decisiva para os candidatos de oposição. Enquanto as gestões anteriores se apoiavam em estratégias tradicionais de comunicação e apresentavam seus resultados através de meios convencionais, a oposição soube se conectar diretamente com as emoções e aspirações dos eleitores nas redes. As novas campanhas foram dinâmicas, interativas e visualmente atraentes, contrastando com a percepção de que as gestões atuais estavam "presas" em métodos antigos.

Essa diferença de comunicação não pode ser subestimada. Em um mundo cada vez mais digital, o eleitor busca conexões imediatas e envolventes com seus líderes. A oposição conseguiu transmitir, de forma ágil e eficiente, a mensagem de que uma nova gestão poderia ser mais moderna, mais transparente e mais alinhada com as demandas da era digital.

Com o resultado das eleições, o futuro de São Ludgero, Braço do Norte e Orleans se apresenta como uma página em branco. As cidades precisam, mais do que nunca, de uma gestão que consiga unir a vontade de mudança com a continuidade dos projetos que foram benéficos para a população. A tarefa desses novos gestores será equilibrar a inovação com a estabilidade, algo que nem sempre é fácil.

Em meio a essa incerteza, uma coisa é clara: os eleitores dessas cidades mostraram que, em uma democracia, nada é garantido. Nem mesmo as gestões com os índices de aprovação mais elevados estão imunes à força avassaladora do desejo de mudança. O tsunami da renovação passou, e o futuro de São Ludgero, Braço do Norte e Orleans agora pertence a novos navegadores.



COMENTÁRIOS

LEIA TAMBÉM

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.