Relação entre aids avançada e mpox é tema de encontro nacional em São Paulo

Representantes de coordenações estaduais e municipais, profissionais de saúde, especialistas e representantes da sociedade civil se reuniram nesta segunda-feira (24), em São Paulo, para dialogar a respeito de ações para o controle da mpox no Brasil. A atividade ocorreu no primeiro dia do 1º Encontro Nacional para o Fortalecimento da Resposta à epidemia de mpox e aids avançada.
Durante a abertura, o diretor do Dathi/MS, Draurio Barreira, explicou que, em comparação a outros países economicamente similares, o Brasil registrou um número menor de óbitos. No entanto, ele ressaltou que dos 16 casos, 15 foram em pessoas vivendo com aids avançada, por isso a necessidade de conciliar as estratégias sobre resposta a ambas as doenças. “Estamos conseguindo cumprir as metas de expansão de prevenção e diagnóstico do HIV que estabelecemos no início da gestão. No ano passado, alcançamos a meta de diagnosticar 95% das pessoas vivendo com HIV e de ampliar a oferta de PrEP [profilaxia pré-exposição ao HIV]”, destacou.
A presidente da International Aids Society (IAS) e renomada pesquisadora brasileira, Beatriz Grinsztejn, elogiou o trabalho brasileiro na resposta ao HIV frente ao panorama internacional. “Temos que comemorar a soberania do governo brasileiro e a existência do SUS [Sistema Único de Saúde], que possui autonomia para a realização de tratamento de pessoas vivendo com HIV”. Grinsztejn ressaltou, ainda, a importância da recente incorporação do fostensavir para o cuidado de pessoas com multirresistência aos antirretrovirais já existentes no SUS.
Representando a sociedade civil, Sylvia Loyola explicou que, apesar dos avanços, o diagnóstico precoce permanece um desafio. “A aids avançada é um reflexo das desigualdades sociais existentes no Brasil”, afirmou. Ela também alertou para a necessidade de valorização da sociedade civil na elaboração de estratégias e para o alcance de populações mais vulnerabilizadas ao HIV e à mpox.
Sistema de monitoramento de pessoas vivendo com HIV ou aids
Também durante o evento foi realizada a oficina de multiplicadores estaduais do Simc, o Sistema de Monitoramento Clínico das Pessoas Vivendo com HIV e Aids. O objetivo foi mostrar e incentivar gestores presentes sobre a ferramenta que permite identificar as pessoas que vivem com HIV, mas não iniciaram o tratamento, possibilitando a busca ativa aos serviços de saúde.
A realização do tratamento adequado é crucial para a qualidade de vida e para evitar que pessoas vivendo com infecção pelo HIV desenvolvam a aids. Essa também é uma importante estratégia para o controle da mpox, uma vez que pessoas com aids avançada estão mais vulnerabilizadas à doença.
Lorany Silva
Ministério da Saúde
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